De cada vez que verbalizo a minha preferência pelo futebol de Lionel Messi, em detrimento do de Cristiano Ronaldo, percebo incredulidade, indignação ou vontade de me fuzilar, nos olhares da maioria dos meus interlocutores. Que afronta! Como é que um português de gema, amante de futebol, fervoroso defensor das cores nacionais, pode deixar-se encantar pela magia do meia-leca alviceleste, em vez de se curvar ao instinto matador do gigante português?
Pois hoje curvo-me. Ronaldo foi letal, como de costume. Decisivo, como sempre. Três golos apontados à Espanha, uma das três principais candidatas ao título mundial (tal como, na minha opinião, o são a Alemanha e o Brasil), não é para qualquer um. A capacidade que ele tem de levar uma equipa às costas está apenas ao alcance dos maiores de todos os tempos. A capacidade que tem de fazer um país acreditar, tem um alcance mais vasto do que o próprio futebol.
Cristiano, o menino madeirense que treinava com pesos atados aos pés, para poder um dia ser mais rápido do que os outros, nem precisa de ser o mais talentoso, para ser o melhor.
Quanto aos espanhóis, ao verem o CR7 marcar mais um hat-trick, devem sentir-se como aquelas mulheres traídas pela enésima vez, que olham para os maridos e pensam: “este gajo não mudou nada”!