Bruno de Carvalho teve tudo para ficar na presidência do Sporting durante 10, 20 ou 30 anos. Chegou ao cargo cheio de garra, conferiu ao Sporting uma pujança nunca vista no meu tempo de vida e ganhou títulos nas modalidades. Faltou-lhe ganhar no futebol. E talvez tenha sido esse o principio do fim do presidente deposto.
Mas é impossível liderar uma instituição com sucesso instigando contra antigos dirigentes, jogadores, adeptos descontentes, jornalistas, accionistas, ou toda e qualquer pessoa que manifeste opinião divergente.
É impossível liderar uma instituição com sucesso, assumindo apenas os louros da vitória enquanto se atira os espinhos da derrota na direção dos demais.
É impossível liderar uma instituição com sucesso, quando destilar ódio contra adversários é tão prioritário como a construção da causa própria. Aliás, no desporto não pode haver inimigos. Apenas adversários.
É impossível liderar uma instituição com sucesso, quando a afirmação exacerbada do ego pessoal se sobrepõe aos interesses do colectivo.
Bruno de Carvalho quis entrar para a história e conseguiu. Por ser o presidente deu garras afiadas ao leão. Mas também por ser o primeiro presidente destituído da história do clube. Na hora da despedida, o presidente-adepto, disse que jamais voltará ao estádio e jamais voltará a sofrer pelo Sporting. No fundo, já não quer ser presidente nem adepto.