O Afonso é um miúdo tímido. Quando lhe perguntam o nome, responde baixinho. Quando lhe perguntam a idade, apenas mostra cinco dedos. Se lhe derem uma bola, ele atira-a para o meio dos outros putos e fica a vê-los jogar. Mas se lhe dão um instrumento musical ou um veículo para as mãos, seja de duas ou quatro rodas, a história muda de figura. Aí torna-se afoito e que gosta de arriscar.
Hoje fomos dar uma volta de bicicleta e ele deixou bem claro que passeio sem acrobacias já nem é passeio. Ora tirava os pés dos pedais, ora tirava as mãos do guiador. Só não experimentou as duas acrobacias ao mesmo tempo. Para já.
Certo dia, um génio criativo que é também o homem mais rico do mundo, de seu nome Jeff Bezos, disse em entrevista, que deixava os seus filhos brincar com facas aos quatro anos e, os aos sete, com rebarbadoras. “Quero deixá-los correr os seus riscos e ensinarem-se a si mesmos a serem desembaraçados – uma qualidade chave tanto em negócios como no dia-a-dia. Prefiro ter um filho com nove dedos do que uma criança que não resolva problemas”, afirmou o patrão da Amazon.
Ora eu não pus o Afonso a brincar com facas aos quatro. Nem o vou incentivar a brincar com rebarbadoras aos sete. Mas percebo o senhor Bezos, quando ele se refere à capacidade das crianças arriscarem e resolverem problemas. Talvez seja esse o mais valioso trunfo do qual eles se podem socorrer pela vida fora.
Portanto, à falta de facas e rebarbadoras, adoro que ele tente guiar a bicicleta sem pés ou sem mãos. E, para já, ainda com dentes.

Parabéns. Ainda há pais que dão liberdade aos filhos para arriscarem. As crianças só aprendem a levantar-se se um dia caírem… Felicidades.
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Muito obrigado Armando. Concordo plenamente!
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