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A Bela e os Monstros

A bela apresentadora e os monstros sagrados dos assuntos criminais, entenda-se bem. Da esquerda para a direita: Vitor Marques e António Teixeira, antigos inspectores da Polícia Judiciária; uma apresentadora que ninguém conhece, chamada Cristina Ferreira; o repórter Luís Maia (eu mesmo) e o jornalista e psicólogo Hernâni Carvalho.

Esta trupe promete dar que falar a partir de 7 de Janeiro, na antena da SIC. Se até lá os virem juntos, é porque devem andar a tramar alguma. Fiquem atentos!

Como Agradar às Mulheres II

O macho prepara-se para a noite que anseia há vários meses. Não, a ideia não é terminar a comer tremoços, beber minis e ver jogos da Liga dos Campeões, mas sim viver momentos escaldantes e escrever uma ode aos prazeres da carne. Como nos tempos de solteiro. A pergunta é: como é que um gajo básico, que gosta mesmo é de bola e de contar piadas com os amigos, pode começar a fazer poesia de um momento para o outro?

Ora bem, a odisseia começa a meio da tarde. Ele sai mais cedo do trabalho e pede à própria mãe que ature os netos naquela noite. E que, já agora, os leve no dia seguinte à escola.

A seguir vai à sex shop. Não percebe muito daquelas modernices dos brinquedos sexuais, mas ouviu a mulher dizer que as tipas da saga “O Sexo e a Cidade”, acham um piadão do caraças a essas coisas. Com vergonha de perguntar à funcionária da loja qual a melhor sugestão picante para a sua noite tórrida, acaba por comprar um gel lubrificante, um par de algemas e um objecto fálico (de pequenas dimensões, para não se sentir inferiorizado).

De seguida vai buscar um carregamento de lenha, para pôr a lareira a arder durante a noite toda e potenciar, assim, o ambiente intimista. No entanto, por comprar tanta lenha e por demorar tanto tempo a carregá-la até ao segundo andar, atrasa-se a fazer as compras para o jantar. Sim, é ele que vai fazer o jantar. Teme-se o pior…

Já de avental ao peito e em puro stress, porque ela está quase a chegar a casa, vai alinhavando um caril de seitã com courgetes. Nem ele sabe se vai gostar do jantar, mas leu num site qualquer que as gajas ficam muito impressionadas com homens que não limitam aos bifes com batata frita, regados com vinho resgatado a dois euros de um hipermercado. 

Entretanto ela chega e começa a mandar vir com a decoração da mesa de jantar. Ele não tinha nada que usar a toalha vermelha, porque estava guardada para a recepção ao tio que vive nos Estados Unidos e que é já no próximo fim‑de‑semana: “Com o jeitinho que tens para servir vinho, vais enchê-la de manchas!”.

Depois, a donzela começa a reclamar com o cheiro a fumo que vem da lareira: – “Nem sei porque é que fui gastar dinheiro no cabeleireiro, se vou ficar a cheirar a grelhados!”.

De seguida, quase perde as estribeiras quando percebe que as crianças estão com a sogra e que é ela quem as vai levar à escola na manhã seguinte. “Sabes que ela vai enchê-los de guloseimas toda a noite e que conduz mal como o raio! Já estou com o coração nas mãos!”.

Fica finalmente agradada com a apresentação da iguaria preparada pelo marido. Mas assim que leva a primeira garfada à boca, quase cospe as entranhas: “Perdeste a cabeça, ou quê? Porque é que puseste tanto picante?”.

Para se salvar do fiasco total, o macho latino precisa que a incursão pelo quarto seja mais bem sucedida. Pede à mulher para fechar os olhos e para se virar de costas enquanto ele prepara o cenário. Mas ela transgride e espreita. É nessa altura que vai aos arames: “Então tu achas que eu sou dessas?! O que é que estás a preparar nas minhas costas?! Ias prender-me para depois fazeres de mim o que quisesses?! Olha, para mim acabou! Vou tomar uma pastilha digestiva e dormir, que amanhã levanto-me cedo para trabalhar!”.

O macho murchou. Voltou a vestir os boxers do Rato Mickey e julga ter aprendido a lição. Cinco minutos depois, a mulher está a dormir e ele a ver os resumos dos jogos da Liga dos Campeões. Da próxima vez que quiser impressiona-la, vai levá-la a jantar fora e não se atreverá a nada mais arrojado do que a posição de missionário.

As coisas simples funcionam sempre.

P.S. – Este artigo não é biográfico. A minha mulher adora que eu cozinhe (e olhem que cozinho mal) e que compre artigos na sex shop. Além do mais, não tenho lareira e a minha mãe não tem carta de condução.

Cinco Anos de Amor

Por volta das 8h do dia 5 de Dezembro de 2014, já estou a caminho de uma reportagem nas Beiras. Hei-de almoçar algures para os lados de Castelo Branco e sei de antemão que vou jantar com a Susana, a um restaurante que faz do sushi a sua especialidade. Não se pode dizer que não a uma futura mamã com desejos de gastronomia requintada, senão ela põe-nos as malas à porta! A Lia, que não é grande fã de peixe cru, provavelmente comerá um panado de frango, ou coisa que o valha. Está tudo combinado desde muito cedo. E eu que nem me atreva a sugerir algo diferente, senão o meu filho ainda nasce com cara de sashimi ou de temaki.

Pelo meio (quase me esquecia) tenho de resolver a minha vida. Literalmente. O programa “Querida Júlia” está prestes a mudar de mãos, dentro em breve passará a chamar-se “Queridas Manhãs” e uma nova produtora vai assumir o comando do projecto. Na prática apenas trabalharei para a SIC até ao fim do ano, altura a partir da qual serei funcionário da FremantleMedia, caso cheguemos a acordo.

Hoje é dia de tentar acertar condições contratuais com o futuro patrão. O momento da verdade vai acontecer assim que regresse da reportagem. Mas até lá ainda tenho 500 quilómetros de estrada para galgar, entrevistas para fazer e imagens para gravar.

Os minutos voam até à hora de almoço e a primeira parte da jornada corre conforme previsto. Depois de terminar a reportagem e de comer uma bela cabidela de coelho, faço-me à estrada, direito a Carnaxide. Começo a antecipar os possíveis cenários com os quais me confrontarei quando chegar à base. Poucos quilómetros mais à frente, a campainha do telefone interrompe o meu tricotado mental. É a Susana a explicar que está a perder liquido amniótico. 

– “E isso quer dizer o quê?” – pergunta o jornalista, claramente impreparado para a entrevista, receando que a esposa vá parir o seu herdeiro ali mesmo durante a videochamada.

Do outro lado da linha ouvem-se palavras tranquilizadoras. Afinal ainda não está na hora de nascer o rebento. Qualquer pequeno esforço poderá, em teoria, estar na origem desta emergência liquida. Fico mais descansado. Porém, por via das dúvidas, sugiro-lhe que ligue para a linha Saúde 24, descreva os sintomas a um técnico e aja em conformidade com as indicações fornecidas. Pouco depois a Susana fala-me outra vez ao ouvido, para informar que já pegou na bagagem e que somente aguarda a chegada da irmã mais velha para rumarem juntas ao Hospital de São Francisco Xavier, tal como o enfermeiro recomendara via telefone. Suspense. O Afonso quer armar-se em Hitchcock. O que andará a tramar? Ainda não sabemos.

Estou quase a chegar a Lisboa, quando a minha mulher volta a contactar-me, já do hospital, informando-me do diagnóstico. Afinal a bolsa amnótica rompeu e deram-lhe um comprimido para acelerar o processo. Dentro de algum tempo começarão as contrações. Contrariamente aos prognósticos da progenitora, o puto quer abrir caminho para o mundo às 38 semanas de gestação, apesar dos livros da especialidade dizerem que deve esperar até às 41. Talvez por não saber ler, o Afonso está-se marimbando para  essas teorias. Descarta o sushi ao jantar e decide já não ter mais nada para fazer no quentinho do ventre materno. Abram alas! Ele está a chegar!

  • “Não precisas de vir à pressa amor, porque isto ainda vai demorar”, diz a Susana com os nervos.

Como tenho a mania de acreditar nas pessoas que amo, escuso-me a correr imediatamente para o hospital e tento manter o foco na reunião que terá lugar daí a poucos minutos. Assim que entro na redação apercebo-me da tensão e ansiedade no ar.  Semblantes fechados. Os meus colegas encontram-se em situações semelhantes à minha. Uns já negociaram o seu futuro próximo. Outros estão em vias disso. As mudanças estruturais são sempre complicadas, por vezes até dolorosas. Esta não é excepção.

  • “Malta, vou ser pai!” – exclamo assim que transponho o último degrau que me separava do piso da redação. Mas não há manifestações efusivas de alegria, nem confetis, nem uma banda a sair ao meu encontro acompanhada por palhaços, gajos com andas e cabeçudos. Nada. 

– “Porra, ninguém me liga. Se calhar não ouviram.” – Conjecturo, em exercício de introspecção, depois de observar somente dois ou três pares de olhos darem-se ao trabalho de desviar atenções daquilo que estão a fazer, para me encarar. E mesmo esses, durante pouco tempo. Urge uma alteração do conteúdo da mensagem, caso contrário ninguém dará conta das novidades.

  • “Hoje, pessoal! Vou ser pai hoje! Agora! Quero dizer, daqui a pouco. A minha mulher já está no hospital.” – disparo então, a sorrir como um parvinho. 

Finalmente confetis! Só os palhaços e os gajos das andas é que não quiseram mesmo aparecer. Os sorrisos multiplicam-se e as felicitações também. Por entre aquelas dezenas de almas, apenas uma está em vias de saborear a paternidade, mas todas partilham de forma genuína e sincera um pequeno pedaço de alegria. A tensão e a ansiedade dão lugar à esperança. É curioso como quase tudo na vida pode mudar num segundo.

Já passa das 17h30 quando entro na sala de comando para reunir com os futuros patrões. Antes sequer de me sentar, digo ao que venho.

  • “Caríssimos, não quero ser indelicado, mas só temos cinco minutos para fazer esta reunião!” – Faz-se silêncio. Cinco almas olham para mim, incrédulas.
  • “Acham que não chega?” – indago, provavelmente com a mesma cara de parvo que ostentava na redação. Os incrédulos, passam a estar de queixo caído.

Após pedir desculpa pela apresentação desajeitada, esclareço com um sorriso de orelha a orelha, que a minha mulher deve estar com contrações enquanto nós andamos para ali a perorar. Se alguém ficou com duvidas acerca da minha sanidade mental assim que entrei na sala de reuniões, talvez tenha agora sossegado. Afinal o gajo não é estúpido! Só está grávido! 

Provavelmente passaram mais de cinco minutos, mas de certeza que não passaram dez até estar outra vez na rua, com quase tudo resolvido relativamente ao meu futuro profissional. Saio de Carnaxide a pensar apenas no nascimento do meu filho. Quando me apresento no São Francisco Xavier, sou encaminhado para o quarto onde a minha mulher está com contrações há 30 ou 40 minutos. Pouco passa das 18h30.

Um esgar de dor é a primeira expressão que os meus olhos vislumbram assim que alcançam o rosto dela. Segundos depois está tudo bem. As dores ainda não são muito fortes e permitem que um ser humano sem super-poderes consiga respirar. À defesa, a Susana avisa que dentro em breve a coisa vai mudar de figura. Pede-me para não me assustar com os gritos lancinantes que previsivelmente serão projectados pelas suas delicadas cordas vocais. E pede-me, sobretudo, para não julgar que ela se está a transformar numa criatura tenebrosa, como as dos filmes de terror de segunda categoria que muitas vezes alugamos, para vemos agarrados (ou mais recentemente, a fazer conchinha) no sofá da sala.

Pouco depois das 20h30 as contrações aumentam de intensidade. Meia hora depois o staff hospitalar corre comigo do quarto porque vai ser administrada anestesia. Explicam-me que não posso estar ali naquele momento, que o melhor é aproveitar para apanhar ar, para jantar, para fazer o que me apetecer. Resumindo e concluindo, sou escorraçado. A Susana grita cada vez mais e parece realmente prestes a transformar-se. Sai um shot de epidural!

  • “Acha que dá mesmo tempo para jantar?”, pergunto à menina que me acompanha até à porta. “Não vou perder o parto, nem que chovam pedras!” – Acrescento peremptoriamente.
  • “Não se preocupe. Vá jantar descansado, que não perde o nascimento do seu filho.” – responde a enfermeira, de forma segura.

Cinco ou dez minutos depois já vou a caminho de uma hamburgueria próxima do hospital, na companhia de alguns amigos que me acompanham desde que saí da SIC, aos quais se juntaram entretanto o Hernâni Carvalho e a mulher dele, a Ana Rita, vindos propositadamente de Mafra. Passamos o jantar na paródia e pelas 21h50, a Susana liga-me mais uma vez. 

  • “Querem ver que aquela malta do hospital fez mal as contas ao tempo e o puto já está cá fora?” – interrogo-me num estremecimento, assim que vejo o nome dela no visor do telemóvel. Indeciso entre trincar o hambúrguer ou morder o telefone, acabo por atender a chamada e ouço a voz ofegante da minha mulher, pedindo-me para correr ao encontro dela. Está quase! Largo imediatamente tudo e todos. Voo rua abaixo com pedaços de Big Mac presos nos intervalos dos dentes. Não há tempo para adornar a situação. 

Cinco minutos depois, chego ao quarto onde decorre o parto. São 22h00, mais coisa, menos coisa. A Susana já se transformou. Continua gira, mas já se transformou. Talvez possa concorrer a Miss Criatura Transformada Pelas Contrações, mas aquele não é o momento certo para pensar no assunto. Aliás, nem sei como conseguiu telefonar para mim no meio de tamanho frenesim. Enquanto grita, seguro-lhe firmemente na mão e mantenho o tom sereno na voz, esperando conseguir tranquiliza-la. Acho que ela nem me está a ouvir, mas persisto na intenção. Não me sinto minimamente nervoso, mas isso é fácil de dizer porque não sou eu quem está de perna aberta, em cima daquela marquesa. Permaneço expectante. Concentrado. Absorvo todos os segundos.

Às 22h42, depois da mãe fazer muita força, o Afonso decide sair. Um segundo de silêncio. O puto não berra. Mais um segundo de suspense. O puto continua a não berrar. Os meus olhos e o meu cérebro registam tudo em slow motion. Dois segundos depois ouve-se então uma choradeira das boas e um esguicho de chichi voa certeiro em direção à cara da parteira. A profissional limpa-se com dignidade e o menino parece mais aliviado. Corto o cordão umbilical. Tudo normal. Tudo espectacular! Devia ter olhado para aquele berreiro como um prenuncio dos tempos que estavam para vir…

Minutos depois tenho 3,270 kg e 53 centímetros de vida ao meu colo. Parece demasiado bom para ser verdade. Nunca pensei ser capaz de assinar uma obra tão perfeita, tão sublime, no meu tempo de vida. Peço à Susana para fazer boa cara, de modo a tirar a primeira selfie da família feliz. Falta a Lia, que àquela hora já deve estar a dormir em casa da tia. A menina terá de esperar pelo dia seguinte para pegar no maninho ao colo, mas naquele momento, naquele lugar, também ocupa os nossos corações. A mãe tenta recompor-se e finge estar com vontade de tirar fotos, só para fazer a vontade ao chato do marido. Portou-se como uma heroína.

In “O Meu Filho Não Dorme”, 2018, Luís Maia, Editora Guerra e Paz

No Casino às 3 da Tarde

Há (muita) gente que faz fila à porta do Casino Estoril, antes das 3 da tarde. A essa hora abre a sala das máquinas, onde dezenas de homens e mulheres se permitem sonhar com um jackpot, com uma fezada, com uma jornada de glória que possa ser contada às gerações vindouras e que sirva de justificação para as próximas investidas no jogo. 

As slot machines dão um prémio chorudo de tempos a tempos. E os jogadores habituais sabem (ou julgam que sabem) se falta muito ou pouco para a Hora H. Daí a necessidade de guardarem a vez desde o primeiro minuto, não vá alguém tomar o lugar deles.

Domingo, também estive à porta do casino às 3 da tarde. Mas não fui jogar. Fui com a Susana e com os miúdos ver o musical Madagascar, produzido pela Yellow Star Company. Os putos adoraram. E os papás também.

@elcorteinglespt

http://www.elcorteingles.pt

A Caminho da Próxima Concentração

Nunca fui rapaz de gostar de motos. Nem naquela fase da adolescência em que ter uma moto significava impressionar as miúdas, à porta da escola. O máximo que fiz num veiculo motorizado de duas rodas, foram uns 50 metros, numa scooter. Ainda hoje a minha mãe agradece-me por isso.

Para os carros, sempre olhei com olhos diferentes. Adoro as quatro rodas e tempos houve em que os meus carros pareciam ter apenas um pedal, o do acelerador. Hoje conduzo seguro e devagar. Ou relativamente devagar… Faço-o por mim, pela família e porque a estrada não é (a bem de todos) uma pista de fórmula 1.

O Afonso adora carros, mas tem um gostinho especial por motos. Brilham-lhe os olhos quando se depara com uma. Por vontade dele, punha-se já a caminho da próxima concentração motard. E eu, com o coração de pai apertado…

Descubra as Diferenças

Há pais que gostam de vestir os filhos de igual. Se forem gémeos, então é certinho, direitinho. Antes de conhecer o advento da paternidade, achava isso patético. Mas a verdade é que as nossas experiências moldam a percepção que temos das coisas. Hoje, sou eu quem patrocina passeios em família com estes trajes. Parecemos gémeos falsos com 37 anos de diferença. Piroso? Não. Mas rima. Maravilhoso!

E Agora Sem Cabelo Espetado…

A primeira vez que saí de um cabeleireiro com o cabelo espetado, devia ter uns 13 ou 14 anos. Naquela noite fui ver um jogo entre Benfica e Marselha, a contar para uma meia-final da Taça dos Campeões Europeus. E, antes disso fui pôr um ar rebelde. O Benfica acabaria por ganhar 1-0, qualificando-se para a final da competição. O golo, marcado com a mão, pelo angolano Vata, entrou para a história do clube.

Naquela noite assisti a um momento único e deixei de ter cabelo à puto. Entrei na galeria dos gajos com visual arrojado, que podiam impressionar as miúdas lá da escola. Os anos passaram, a adolescência também e, durante esse tempo, dei ao meu cabelo os mais diversos formatos. Curto. Comprido. Tosco (independentemente do tamanho). Voltei ao look espetado já com uns 24 ou 25 anos. E ficou até hoje. Ou melhor, até à semana passada…

Que tal o novo formato?

Qual vinho do Porto…

Nos dias que correm parece que andamos todos a tentar retardar os efeitos do tempo. Queremos ser jovens para sempre, ou pelo menos parecer jovens para sempre. Mas não será isso paradoxal, quando a idade nos torna, geralmente, mais interessantes?

Quando conheci a Susana ela ainda não tinha entrado nos 30. Eu já ia a meio caminho dos 40. Quando lhe dizia que os melhores anos ainda estavam para vir, ela ria-se e achava que eu não sabia o que estava a dizer. Que já devia ser da idade…

Entretanto passaram sete anos e ela é hoje uma mulher mais madura, mais serena, mais sensata, mais dedicada e muito mais bonita. Qual vinho do Porto…

Se quiserem, podem dar-lhe os parabéns, porque ela faz hoje trinta e… ups, não se pode dizer a idade de uma senhora…

Uma Questão de Prioridades

A vida nem sempre nos dá aquilo que planeámos ou aquilo que julgamos querer. Mas depende de nós adaptarmo-nos às circunstâncias e tirar o melhor de cada situação.

Quando era adolescente, achava que jamais seria feliz se tivesse um trabalho que me absorvesse muito tempo. E a verdade é que estava enganado. Hoje quase sou sugado pela minha profissão e sinto-me realizado.

Quando andava na faculdade, não queria trabalhar em televisão e muito menos em programas de entretenimento. Mais uma vez, a vida trocou-me as voltas. Hoje estou grato por isso.

Antes de ter mulher e filhos, não percebia aquelas pessoas que aproveitavam qualquer pausa no trabalho, qualquer intervalo da chuva para falar dos putos, das palavras novas que eles tinham aprendido, ou das parvoíces ternurentas que faziam lá por casa. Julgava que por muito importante que fosse a família, haveria sempre qualquer outra coisa interessante para falar com os amigos. E, na verdade, até há. Mas fica para segundo plano.

É tudo uma questão de prioridades.

Foto: Revista VIP