O Meu Filho é Youtuber (E Só Tem Quatro Anos)

A mãe chama-o para o banho, mas o Afonso está mais interessado em mostrar os seus dotes como entertainer. O rapaz nem costuma ser muito dado a câmaras, mas neste dia estava possuído!

Dei com esta pequena maravilha enquanto fazia uma revisão aos videos e fotos que tenho armazenados na memória do meu telefone. Quando comecei a vê-lo, foi até ao último frame.

Sugiro que o vejam também até ao fim. Uma verdadeira delícia!

Caminhar Sobre as Águas (Qual Milagre, Qual Quê)

Podia ser apenas mais uma foto parva de Verão (e é, na verdade), mas esta remete-nos para uma intrigante questão: Quem é o gajo que, por timidez, enterrou a cabeça na água para não aparecer na imagem?

Enquanto três dos modelos tentam imitar uma passagem do Velho Testamento, na qual Moisés caminha sobre as águas, o outro, enterrou a cabeça para se esconder. É mais ou menos como aquelas pessoas que, no preciso momento em que vêm uma câmara de televisão, dizem logo não querer ser filmadas, mesmo que a objectiva não esteja apontada para elas..

Da esquerda, para direita, apresento-vos os artistas: Henrique (filho da minha prima Helga), Lia (a minha matulona), homem que enterra a cabeça na água (a tal personagem desconhecida), José (o meu padrasto).

Aceitam-se comentários e palpites. Queridos leitores, ajudem-nos a descobrir quem é o homem que aparece virado ao contrário na fotografia.

O Improviso da Rua vs O Conforto do Estúdio

Depois de uma semana a chegar a casa ou ao quarto de hotel a cheirar a fumo, depois de uma semana a tomar banho ao fim do dia e a continuar a cheirar a fumo, finalmente, Monchique, Silves e Portimão, estão em paz.

As situações limite, acarretam sempre uma grande dose de adrenalina para quem está em reportagem. Na cobertura noticiosa do inferno das chamas, o calor, o fumo, a cinza e o perigo são os adereços do teatro de operações. E, muitas vezes, não há como lhes fugir.

Ontem troquei o improviso da rua, pelo conforto do estúdio. Ao fim de uma semana na guerra, não posso dizer que não sabe bem. O reverso da medalha é que quando chego a casa a cheirar a churrasco, a primeira frase que sai da boca da minha mulher é um “despe-te já”! Também não posso dizer que não gosto…

#elcorteinglespt
@elcorteinglespt

Férias vs Parvoíce

Malta, não tenho muito para dizer neste texto. Porque estou de férias. Porque não me apetece fazer nenhum. E porque quando estou de férias só me dá vontade de passear e tirar fotografias parvas. Talvez por isso, este texto seja também parvo q.b.

Atentem ao pormenor da t-shirt!

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No primeiro capítulo desta novela de ócio vamos andar por Viseu. Depois por Pedrogão. Agora, tenho de ir, porque há todo um mundo lá fora para descobrir!

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P.S. – Estamos a adorar a Pousada de Viseu!

O Colo Bom e o Colo Mau pt.II

Aqui em casa, só conseguimos ensinar o Afonso a dormir quando percebemos que não o podíamos adormecer ao colo. Primeiro achávamos que esta teoria era uma palermice. Que roçava a insensibilidade. Só depois entendemos que, afinal, se tratava de uma forma, como tantas outras, de educar o nosso filho.

Um coro de vozes dirá ser impossível encontrar registos de vitimas por overdose de colo ou de mama, constatação sustentada com toda a certeza por evidências científicas. Porém, o ideal para uma criança é habituar-se a adormecer pelos seus próprios meios e não com a ajuda de terceiros, sejam eles pais, mães, colos ou mamas. Tudo o que não remeta para lençóis, cobertores, almofadas, para o próprio bebé e para um peluche ou qualquer outro objecto de referência, está a mais na hora de dormir. Vale dar colo ao menino? Sim. Vale dar mama ao menino? Sim. Mas não no preciso momento de adormecer.

Por muito que queira lavar o meu carro, não vou atirá-lo para dentro de uma piscina cheia de detergente, julgando que, para além de sair dali a brilhar, o motor vai pegar à primeira. Bem sei que o meu amigo James Bond poderá não estar totalmente de acordo, porque em 1977, no filme 007 – Agente Irresistível, deram-lhe um bólide que se transformava em submarino e que sobreviveria a qualquer piscina. Trata-se, no entanto, da escepção que confirma a regra. Portanto, tudo o que é demais é moléstia, como já dizia a senhora minha madrinha nos seus tempos áureos. E esta regra também se aplica ao colo.

Se o nosso filho em idade pré-escolar chorar, berrar, rebolar pelo chão em pranto, pedindo um copo de vinho, ninguém no seu juízo perfeito lhe poderá satisfazer o pedido, mesmo que possua uma adega repleta de exemplares com as melhores colheitas de Bordéus. Da mesma forma, não se deve adormecer um bebé em balado ao colo, ou a mamar nos seios da mãe, só porque ele monta um escândalo lá em casa. Aliás, na minha opinião, não se deve anuir a qualquer exigência infantil feita com base no escândalo. Isso apenas funcionará como forte incentivo a que a gritaria se transforme num meio reivindicativo altamente eficaz.

in, O Meu Filho Não Dorme, Luís Maia, Editora Guerra e Paz, 2018

O Colo Bom e o Colo Mau

A vida é uma aprendizagem. Eu e a minha mulher, aprendemos com o tempo que a pior hora para dar colo a uma criança é à noite, na hora de adormece-la. Aqui vai o testemunho:

A questão é que muitos papás e mamãs tendem a cozinhar a ciência com uma pitada de emoção. Eu e a Susana pertencemos a esse grupo. Para além de seguir os conselhos do pediatra, decidimos oferecer muito colo ao nosso filho de cada vez que o ouvimos chorar. Se ele tem cólicas, basta chorar que nós oferecemos-lhe colo. Se ele tem fome, basta chorar que nós oferecemos-lhe colo. Se ele tem fome, basta chorar que nós oferecemos-lhe colo. Se ele quer colo, basta chorar que nós oferecemos-lhe colo.

Talvez tenha sido a primeira lição que ensinámos ao Afonso. A do colo. E é uma lição maravilhosa, porque quando seguramos um filho junto ao peito, não somos nós a dar-lhe colo a ele. É também ele a dar-nos colo a nós. Quando o puto adormece embalado pelos meus braços, sinto-me protegido, sinto-me amado, sinto que o mundo e a vida fazem mais sentido do que nunca. Imagino que a Susana sinta algo semelhante quando o alimenta com o peito, quando oferece uma pequena porção do seu próprio corpo para lhe  dar vida. Talvez tenhamos ficado viciados nessa sensação de conforto, no calor dessa partilha. Provavelmente, muitos pais tornam-se adictos a estas genuínas formas de expressão de amor verdadeiro, porque o amor não tem limites e ultrapassa qualquer barreira. Mas as suas manifestações, ou a forma como o demonstramos, têm de correra favor das nossas crias e nunca contra. Ou seja, por mais que o coração nos diga o contrário, não se pode fazer qualquer coisa para agradar a um bebé, nem que seja dar-lhe colo por tudo e por nada.

in, O Meu Filho Não Dorme, Luís Maia, Editora Guerra e Paz, 2018

A Primeira Vez

Durante o primeiro ano de vida, o Afonso não dormia nem deixava ninguém dormir. Acordava de duas em duas horas, sobretudo porque nem eu nem a Susana, conseguimos implementar rotinas suficientemente eficazes para o ensinar a passar bem as noites. Umas vezes, era eu quem o embalava ao colo, outras, era a mãe quem lhe dava mama até ele cair para o lado. Mas fosse qual fosse a solução encontrada para adormecer a cria, ela acordava ao fim de pouco tempo. Quando se apanhava no berço, devia sentir-se enganada porque já não estava ao colo do papá, nem agarrado à mama da mãe.

Pouco depois do Afonso completar o primeiro ano de vida, decidimos que tínhamos de fazer alguma coisa. Falámos com o pediatra, recorremos ao livro de um terapeuta de sono e começámos a tentar ensina-lo a dormir. Na primeira noite de aplicação do método acordei 11 (sim, 11) vezes! E isto, depois de quase duas horas de luta para que ele adormecesse. Nessa mesma noite, o Afonso conseguiu não protestar durante as primeiras quatro horas, o que constituiu novo record pessoal para o meu pequeno bandido. O pior veio depois…

Quando me levantei, por volta das 6h para trabalhar, nem sabia bem se havia de rir ou de chorar. Foi o inicio de uma batalha que durou dois anos. Foi o inicio de uma batalha que, todos juntos, cá em casa, conseguimos vencer.

Saio da cama ao mesmo tempo que a minha mulher. Estou cansado, mas animado. Sinto-me numa esquizofrenia de sensações porque a noite foi um caos, mas o Afonso adormeceu na cama dele e fez quatro horas de sono consecutivas, algo que não acontecia desde os primeiros meses de vida. Enquanto ela se maquilha, faço uma narração tão detalhada quanto possível da aventura nocturna. E acrescento nunca ter imaginado que uma mulher pudesse ficar tão sexy a roncar. Ela escuta o relato com atenção e, no final, olha para mim sem saber se há-de dar-me credibilidade ou mandar-me internar.

In O Meu Filho Não Dorme, Luís Maia, Editora Guerra e Paz, 2018

As Camas de Pregos e o Sono das Crianças

O bebé é propenso a despertares nocturnos no fim de cada um dos seus ciclos de sono, que duram cerca de 45 minutos, enquanto os do adulto duram o dobro. É  como se a criança tivesse o sono mais leve. Para diminuir as hipóteses de ocorrência de um acordar intempestivo, convém que veja imagens reconfortantes e familiares logo ao pestanejar, aumentando assim a probabilidade de voltar a adormecer facilmente. O peluche e o quadro ou o desenho são muito importantes, porque a ajudam a perceber que o seu mundo não desabou e que está tudo conforme seria suposto.

Por todos os motivos enunciados anteriormente e mais alguns, embalar o bebé ao colo, agarrado à mama, ou na cadeira-auto de uma viatura em andamento, pode dar mau resultado. Se, por absurdo, adormecermos no nosso leito e acordarmos numa cama de pregos, provavelmente ficaremos assustados. Caso o leitor trabalhe como faquir, dirá que estou armado em mariquinhas, porque as camas de pregos até são um sitio bem fofinho para a soneca. Mas, querido faquir, desafio-o a imaginar que fecha os olhos nos seus aposentos, na sua confortável cama de pregos, e que os abre no interior de uma sala de operações ou na cela de uma prisão do Estado Islâmico! Talvez não ache muita piada, certo?

É mais ou menos isso que acontece ao menino quando adormece ao meu colo e desperta no berço, ou quando adormece agarrado à mama e acorda sem mama na boca. Eu também ficaria irritado se adormecesse a fazer conchinha com a Susana e acordasse, de madrugada, agarrado às almofadas, ou ao meu primo, que é um gajo peludo como o raio!

Eis mais um excerto do livro O Meu Filho Não Dorme. Aproveite a dica, para aumentar a probabilidade do seu filho passar noites descansadas.

O Meu Filho Já Dorme

Não há bairro problemático, caçadeira apontada, tumulto em manifestação ou inferno de chamas que me tenha colocado tão perto do limite como a privação de sono. Posso dizê-lo com conhecimento de causa, por já ter sido posto à prova em todas as situações referidas, ainda que, para minha felicidade, nenhuma delas tenha chegado a um ponto sem retorno. Por vezes, tive medo. Noutras, corri para salvar a pele. Em todas, porém, senti-me em águas tranquilas minutos depois de deixar para trás o epicentro da tempestade. A privação de sono é diferente, porque me acompanhava para todo o lado, a todo o momento. Não me deixava pensar, não me deixava respirar, não me deixava descontrair, não me deixava sorrir e, nos dias mais complicados, não me deixava ser feliz.

Antes de mim, outros progenitores tiveram noites terríveis na companhia dos filhos. E depois de mim, outros tantos passarão com certeza pelo mesmo, ou por pior. Mas nem todos conseguem sair ilesos desta viagem. Nem todos conseguem chegar ao fim sem ver o seu mundo, ou pelo menos parte dele, ruir como um castelo de areia atropelado pela maré. E não. Não é exagero! Há casais que passam, a dormir separados por causa dos ritmos de sono dos bebés. Há pais a perder cabelo e mães a ficar em pele e osso devido ao stress provocado pela situação. Há lares que se fragmentam por completo, sob a pressão das rotinas impostas para resolver o problema. No fim da linha, está o divórcio, que muitas vezes ocorre porque os papás e as mamãs não se põem de acordo quanto à forma de resolver esta questão estrutural, que tem implicações de fundo na vida de um agregado.

Este é apenas um dos muitos desabafos que constam do livro O Meu Filho Não Dorme. Felizmente, conseguimos vencer a batalha contra a privação de sono.