Terra Sem Lei

Em reportagem, Já me apontaram armas de fogo, já me ameaçaram com arma branca, já me tentaram bater, atropelar e apedrejar. Felizmente nunca me conseguiram fazer mal. Porém, em nenhuma dessas circunstâncias me senti tão desconfortável, tão apertado, como na reportagem que fiz no Bairro Portugal Novo, onde nem sequer me tentaram fazer mal.

Assim que lá cheguei com o repórter de imagem, o Nuno Martins, abordámos dois moradores do bairro e rapidamente percebemos que os jornalistas não eram bem-vindos ali e que ninguém ia falar connosco acerca do que quer que fosse. Em todas as esquinas onde gravámos, tínhamos dois ou três indivíduos a vigiar-nos, de braços cruzados.

Naquele bairro, há pessoas, maioritariamente idosas, que vivem atemorizadas por marginais que se querem apoderar das suas casas. Quem toma conta dos imóveis, arrenda-os ou utiliza-os para guardar coisas, algumas delas, talvez, ilicitas.

Não devemos colocar de parte a possibilidade deste clima de terror ter custado a vida a um senhor de 89 anos, de seu nome Vitorino Guerreiro, assassinado com uma facada no coração, a 13 de Março de 2018. A PJ ainda não conseguiu encontrar o homicida, mas sabe-se que Vitorino andava a ser coagido para largar a sua casa por pouco ou nenhum dinheiro.

A pergunta que impõe é: Como é possível ocupar a casa de alguém, sem que haja consequências? Porque, na verdade, aquelas casas não são de ninguém! Eram de uma cooperativa que já não existe e, entretanto, ninguém pôs mão naquilo. Nem a Câmara Municipal de Lisboa, nem o estado. Ninguém!

Entretanto, esta terra de ninguém, que tem uma esquadra da PSP nas traseiras e que se situa no centro de Lisboa, transformou-se numa terra sem lei.

https://www.sic.pt/Programas/o-programa-da-cristina/videos/2019-01-24-Bairro-Portugal-Novo—Terra-Sem-Lei


A Bela e os Monstros

A bela apresentadora e os monstros sagrados dos assuntos criminais, entenda-se bem. Da esquerda para a direita: Vitor Marques e António Teixeira, antigos inspectores da Polícia Judiciária; uma apresentadora que ninguém conhece, chamada Cristina Ferreira; o repórter Luís Maia (eu mesmo) e o jornalista e psicólogo Hernâni Carvalho.

Esta trupe promete dar que falar a partir de 7 de Janeiro, na antena da SIC. Se até lá os virem juntos, é porque devem andar a tramar alguma. Fiquem atentos!

Nas Profundezas dos Bastidores (Com Video)

Há imagens que não mostramos em reportagem. Porque não podemos. Porque não conseguimos. Ora por motivos éticos, ora porque nos morde a consciência, ora porque assumimos com alguém um compromisso de honra para não o fazer. Há imagens que ficam só para nós. Algumas delas para sempre. Imagens que revemos vezes sem conta quando fechamos os olhos, por mais que as tentemos apagar.

Mas nem todas as imagens que deixam de ir para o ar têm o seu lado dramático. Por vezes são apenas caricatas. E mostram os caminhos enviesados pelos quais andamos antes de conseguir fazer o que quer que seja, que se aproveite para ir para o ar.

Ora, aqui vai um desses exemplos (no meio da degradação, mas bem dispostos q.b.):

Como Apagar Fogo Sem Uma Gota de Água (Com Video)

Tenho andado por Monchique e Silves durante esta semana. Tenho visto a destruição do costume, o desespero do costume, a desorganização do costume. Destruição provocada pelo fogo, desespero das populações, desorganização por parte de quem combate.

Mas o tema que me leva a escrever este artigo, não é a critica, mas sim o elogio. E o elogio é para Força Especial de Bombeiros (FEB), ou seja a elite do combate aos fogos. Ora pois, na última madrugada, eu e o meu colega Nuno Martins acompanhámos as operações desta corporação. E quando demos por nós, estávamos a subir uma encosta, apenas acessível a pé, seguindo um grupo de dez elementos da FEB, que iam encarar o fogo de frente, sem uma gota de água. Apenas com enxadas.

Sabem a melhor? O fogo parecia ter medo daqueles homens. A cada passo que eles avançavam com as enxadas, as labaredas recuavam e reduziam-se à sua insignificância. Impressionante!

Aqui vai a nossa reportagem da última madrugada:

Entre o Gueto e o Paraíso de Férias (Com Vídeo)

Se partirmos deste lugar, a pé e em linha recta, chegamos à praia em cerca de 10 minutos. Mas neste bairro que fica paredes-meias com as praias da Costa da Caparica, com hotéis e restaurantes de gabarito reconhecido, não há sequer saneamento básico. Umas quantas puxadas ilegais de electricidade, garantem que as antenas das operadoras de telecomunicações pululem nos tectos das barracas aqui construídas, também de forma ilegal. Às portas da praia. Às portas de Lisboa.

 

O que me levou àquele bairro, foi um homicídio, mas olhando para o cenário pelo qual fui engolido, o crime passou praticamente para segundo plano.

Quando Uma Reportagem Ajuda a Resolver Um Desaparecimento

Alerto desde já que o melhor neste post está guardado para o fim. Vale a pena ver a mãe quando explicar o que sentiu quando reencontrou o filho, no segundo video. Mas vamos primeiro à história…

O Diogo Valentim tem 14 anos. Ao longo dos últimos meses, começou a dar-se com más companhias e daí a começar a fumar uns charros, foi apenas um pequeno passo. Deixou de ser aluno assíduo e a escola que ele frequentava viu-se forçada a comunicar o sucedido à CPCJ. Daqui o caso seguiu para tribunal, onde um juiz resolveu enviar o rapaz para tratamento à adição.

O Diogo vivia na Ilha Terceira, Açores, mas foi conduzido para uma comunidade terapêutica em Magrelos, Marco de Canaveses. Nem 15 dias lá esteve. Fugiu, na companhia de outro rapaz de 16 anos e esteve uma semana em paradeiro desconhecido. Os pais, desesperados, voaram para território continental, à procura de respostas, à procura do filho, temendo o pior, devido à ausência de noticias.

Sem saber o que mais poderiam fazer, resolveram pedir ajuda ao programa Queridas Manhãs. Na quarta-feira, 25 de Julho, Sónia Alves, a mãe do rapaz, fez este apelo emocionado na antena da SIC:

Dois dias depois, tivemos a honra de fazer algo tão raro como dar uma boa notícia. O Diogo viu a nossa reportagem e ficou de coração partido com as lágrimas da mãe. Pediu o telemóvel emprestado a uma mulher que vivia perto da casa onde estava refugiado e telefonou à avó. A partir daí tudo se resolveu rapidamente e poucas horas depois, já estava nos braços da família.

A mãe do Diogo, conta neste vídeo, como foi esse reencontro emocionante!

Há dias em que este trabalho vale mesmo a pena!

Como Sobreviver ao Regresso ao Trabalho

A depressão pós-férias é das doenças sazonais que mais ataca por estes meses do Verão. Então não é que depois de duas semaninhas de descanso, banhos de sol e cama até tarde, o despertador volta a atacar logo pela manhã (quase de madrugada). Às 6h15 já estava a buzinar-me aos ouvidos, avisando-me que tinha de me fazer à vida e às filas de trânsito.

Por sorte, sou daqueles que adora aquilo que faz. Retiro prazer da adrenalina do meu trabalho. Retiro prazer da pressão de resolver problemas a todo o minuto. Retiro prazer da pressão que existe para não falhar. Mas, mesmo assim, habituava-me a esta vidinha de mergulhos em praias fluviais, almoços em esplanadas e brincadeira todo o dia. Nem que fosse durante mais uma semana…

Há quem defenda que a melhor forma de enfrentar o regresso ao trabalho é pensar já nas próximas férias. Eu, que trabalho todos os dias na rua, posso sempre pensar que pelo menos na cara e nos braços, o meu bronze vai manter-se até acabar o Verão 🙂

Ignorância sem Limites

Foi neste estado que ficou uma jovem de 21 anos depois de ter sido agredida por um segurança de uma empresa privada, que durante a madrugada desempenhava funções como fiscal num autocarro dos STCP, no Porto. Porquê? A miúda passou à frente de uma pessoa na fila, gerou-se uma discussão e o valentão decidiu intervir. Chamou “preta” à moça. Ela não gostou e respondeu-lhe à letra. A única forma que o rapaz encontrou para acabar com a situação foi espancá-la.

Ontem estive com a Nicol e com a mãe, em casa delas. E a verdade é que as sequelas físicas, apesar de muito pesadas, são talvez o menor dos males. As feridas saram. As cicatrizes desaparecem. Mas medo e a ansiedade que ficam depois de um episódio tão violento são, muitas vezes, devastadoras.