Quando és Apanhado Pela Patroa a Dormir no Local de Trabalho

Esta fotografia, tirada há três ou quatro anos, na redacção do programa “Queridas Manhãs” revela várias informações importantes nas suas entrelinhas:

  1. O funcionário está a meditar acerca da melhor forma de executar o seu trabalho.
  2. A patroa está perplexa com a dedicação quase sobre-humana do funcionário.
  3. O funcionário vai acordar com um torcicolo do caraças.
  4. Aqueles phones ao estilo de futebolista, não ficam bem ao funcionário.

No entanto,  a principal ilação a retirar desta fotografia é que é tramado ter razão antes do tempo. É tramado fazer uma soneca no local de trabalho, sem que os colegas percebam que o estamos a fazer a bem da empresa. Quem acha que estou a brincar ou a ficar louco, deve pôr os olhos na investigadora Nerina Ramlakhan, médica e coordenadora de uma pesquisa para a empresa de colchões Silentnight, para a Universidade de Leeds, no Reino Unido.

“No interesse da produtividade os chefes deviam considerar permitir que os trabalhadores durmam uma pequena sesta no local de trabalho – poderia fazer uma enorme diferença”, refere a senhora Ramlakhan. Percebem agora o meu ponto de vista?

Profissional que é profissional, deve começar a levar pijaminha e almofada para o local de trabalho. Já amanhã. Se o patrão não concordar, ou pensar em despedir-vos, mandem-no ligar para a Universidade de Leeds.

Cristiano, os Espanhóis e as Mulheres Traídas

De cada vez que verbalizo a minha preferência pelo futebol de Lionel Messi, em detrimento do de Cristiano Ronaldo, percebo incredulidade, indignação ou vontade de me fuzilar, nos olhares da maioria dos meus interlocutores. Que afronta! Como é que um português de gema, amante de futebol, fervoroso defensor das cores nacionais, pode deixar-se encantar pela magia do meia-leca alviceleste, em vez de se curvar ao instinto matador do gigante português?

Pois hoje curvo-me. Ronaldo foi letal, como de costume. Decisivo, como sempre. Três golos apontados à Espanha, uma das três principais candidatas ao título mundial (tal como, na minha opinião, o são a Alemanha e o Brasil), não é para qualquer um. A capacidade que ele tem de levar uma equipa às costas está apenas ao alcance dos maiores de todos os tempos. A capacidade que tem de fazer um país acreditar, tem um alcance mais vasto do que o próprio futebol.

Cristiano, o menino madeirense que treinava com pesos atados aos pés, para poder um dia ser mais rápido do que os outros, nem precisa de ser o mais talentoso, para ser o melhor.

Quanto aos espanhóis, ao verem o CR7 marcar mais um hat-trick, devem sentir-se como aquelas mulheres traídas pela enésima vez, que olham para os maridos e pensam: “este gajo não mudou nada”!

Quando um Assalto se Transforma (quase) Numa Anedota

Os assaltos a idosos impressionam-me pela brutalidade desnecessária e gratuita que quase sempre os caracteriza. Já reportei casos de idosos espancados até à morte por meia dúzia de trocos. Já reportei casos de idosos que ficaram sem dinheiro para comer e para comprar medicamentos, depois de serem roubados e espezinhados por bandos de cobardes. Os idosos são frágeis. E os assaltantes são impiedosos. Esta é a regra.

Mas desta vez, trago aqui a excepção. Eis uma senhora de 87 anos, assaltada por quatro encapuzados, que ainda conseguiu exigir água fresca por estar a sentir-se mal; que reclamou por lhe estarem a tapar a boca; que deu toda a espécie de ordens aos meliantes, sendo estas quase sempre acatadas.

Estes bandidos fartaram-se de roubar, mas pelo menos foram cavalheiros. Nem imaginam o que eu e a vítima nos rimos, enquanto ela contava as peripécias deste… crime. É ver para crer!

Cinco Diferenças Entre o CR7 e o Maia

As semelhanças são óbvias: Estamos a falar de dois rapazes com a mania que são bem parecidos; ambos posam de pernas afastadas em sinal de domínio territorial; e colocam um olhar matador nos segundos que antecedem o momento decisivo.

Mas vamos agora às diferenças:

  • Na foto, o Cristiano prepara-se para marcar um livre directo. O Maia prepara-se para entrar em directo.
  • O CR7 já marcou várias dezenas de golos de livre directo. A última vez que o Maia tentou marcar um livre directo (há uns 25 anos), a bola foi parar a um silvado e o gajo que a foi lá buscar picou-se todo.
  • O Cristiano pode trabalhar com as pernas ao léu. O Maia seria despedido se o fizesse.
  • O salário do Ronaldo tem muitos zeros à direita. O salário do Maia deveria ter mais zeros à direita.
  • Todas, ou quase todas, as mulheres do mundo acham o Cristiano Ronaldo irresistível. Há uma mulher que jura a pés juntos que o CR7 é um estafermo, quando comparado com o Maia (no dia em que ela disser o contrário, ponho-lhe as malas à porta).

Acho que é tudo. Quem se lembrar de mais alguma diferença, ou de mais alguma semelhança, que se junte à conversa e que faça o seu comentário!

Juntos Somos Mais Fortes

Há quem goste de começar a ler os livros pelo final. Eu não sou desses, mas hoje vou vestir a pele do spoiler, como se diz nos dias que correm. Vou revelar os derradeiros parágrafos do meu último livro, O Meu Filho Não Dorme. Porque o final desta história é o principio da nova vida da minha família. E porque estas linhas são testemunhas de uma história de amor verdadeiro.

Antes de mim, outros progenitores tiveram noites terríveis na companhia dos filhos. E depois de mim, outros tantos passarão com certeza pelo mesmo, ou por pior. Mas nem todos conseguem sair ilesos desta viagem. Nem todos conseguem chegar ao fim sem ver o seu mundo, ou pelo menos parte dele, ruir como um castelo de areia atropelado pela maré. E não. Não é exagero! Há casais que passam a dormir separados por causa do ritmo de sono dos bebés. Há pais a perder cabelo e mães a ficar em pele e osso devido ao stress provocado pela situação. Há lares que se fragmentam por completo, sob a pressão das rotinas impostas para resolver o problema. No fim da linha, está o divórcio, que muitas vezes ocorre porque os papás e mamãs não se põem de acordo quanto à forma de resolver esta questão estrutural, que tem implicações de fundo na vida de um agregado.

Para evitar o abismo, temos de nos agarrar à esperança, ser persistentes, manter as tropas unidas lá em casa em torno de um objectivo. E o objectivo só pode ser o de dar noites descansadas a toda a gente, começando pelo bebé. Para lá chegar, é preciso fazer o que tem de ser feito, ainda que os meninos e meninas chorem, ou que algumas etapas do processo deixem os nossos corações de pais num desassossego. Jamais devemos aceitar as noites em claro como algo normal ou inevitável. Porque não são! O caminho para chegar ao porto seguro que afortunadamente encontrei é tortuoso, por vezes maldito, mas a meta está lá à frente. A vida não é o labirinto de Creta!

Felizmente, aguentei. Aguentei porque aguentámos os quatro, sem deixar a casa vir abaixo. Aguentei porque a Susana é uma grande mulher, que segura todas as pontas numa situação de crise, e porque tem a coragem de confiar em mim, mesmo quando lhe proponho um caminho que não seria a sua primeira escolha. Aguentei porque a Lia é uma marmota linda que não levanta ondas se lhe dissermos para dormir num colchão, no soalho do nosso quarto e porque nem pestaneja se o irmão estiver aos gritos, a meio da madrugada, mesmo ao lado dela. Aguentei porque o Afonso é um bandido maravilhoso, um menino valente e inteligente, que soube aprender o que o papá lhe ensinou. Aguentei porque aguentámos os dois. E, quem sabe, por termos aguentado juntos tantos momentos tão difíceis, no limiar do desespero, hoje somos unha e carne. Sem medo de ser tomado por imodesto ou vaidoso, posso afirmar com segurança termos a cumplicidade que, acredito eu, qualquer pai e qualquer filho devem ter. Obrigado Afonso! Por não saberes dormir, fizeste de mim melhor pai e, talvez, melhor pessoa.

Como Agradar às Mulheres

Estimadas leitoras, este texto não é para vocês. Acabo de constatar que a esmagadora maioria dos seguidores deste blog são do sexo feminino, o que comprova que as mulheres têm uma especial sensibilidade para o belo e o sublime, mas perdoem-me a ousadia, tenho de fazer alguma coisa para cativar outro tipo de audiência. Refiro-me ao típico macho latino, que coça as partes baixas em público e escarra para o chão. A boa notícia é que já descobri o que fazer para chegar ao coração desse nicho de mercado. Anuncío então que, por tentativa e erro, descobri a fórmula mágica para agradar às mulheres. Gajos deste país, aproveitem! As dicas neste site (ainda) são de borla! Ora, cá vai:

  1. Leva-la a jantar a um restaurante caro – Errado! Ela vai pensar que somos maus gestores de finanças, que o dinheiro não vai chegar para a educação dos filhos ou que, no limite, que não vai chegar para lhe oferecer nada de especial no primeiro dia da época dos saldos.
  2. Leva-la a jantar a um tasco malcheiroso – Errado! Ela vai achar que somos uns pedintes e que nunca a iremos levar a um sitio caro.
  3. Nunca a levar a jantar fora – Errado! Ela vai achar que terá de cozinhar para nós para todo o sempre, sem folgas e sem direito a subsídio de férias.
  4. Fazer juras de amor numa base diária – Errado! Ela vai achar que somos como lapas e que nunca mais terão liberdade.
  5. Nunca fazer juras de amor – Errado! Ela vai achar que somos uns grunhos e que só a queremos comer.
  6. Fazer juras de amor, dia sim, dia não – Errado! Ela vai achar que somos esquizofrénicos ou que não sabemos o que queremos da vida.
  7. Demorar mais tempo do que ela em frente ao espelho, de manhã – Errado! Ela vai duvidar da nossa masculinidade.
  8. Não olhar para o espelho, de manhã – Errado! Ela vai confundir-nos com um Homem de Neandertal.
  9. Demorar mais ou menos o mesmo tempo do que elas em frente ao espelho, de manhã – Errado! Não me ocorre nenhuma resposta, mas provavelmente ela também não vai gostar.
  10. Chegar a casa e dizer-lhe algo provocador ao ouvido – Errado! Ela vai reclamar odes ao amor.
  11. Chegar a casa e declamar-lhe poesia ao ouvido – Errado! Ela vai achar que estamos com os copos.
  12. Chegar a casa e não lhe dizer nada ao ouvido – Errado! Ela vai achar que temos outra.

Caros leitores (sim, agora já posso usar o masculino), espero ter ajudado. Como já devem ter percebido, é extremamente fácil agradar às mulheres. Basta evitar as asneiras acima descritas, que elas vão cair aos vossos pés. Comigo funciona! Pelo menos, a senhora gira que aparece comigo na foto costuma dizer que me ama muito tal como eu sou.

Uma Questão de Memória

Ex-Primeiro-Ministro e ex-preso preventivo em Évora, José Sócrates, apresentou-se na Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra, como o ex-futuro salvador da pátria. O engenheiro gabou a “coragem e o desassombro” dos estudantes que o convidaram para aquela palestra e disse que o país não tem um verdadeiro “projecto de modernização” desde que ele saiu do governo. Disse também que o seu executivo foi o último a apostar em “construção de escolas públicas, de barragens, de mais investimento na ciência, nas tecnologias de informação, na modernização das infraeestruturas”. Mas não disse que deixou o país com um défice de 11,2% do PIB.

Sócrates vociferou contra a austeridade, acusando Pedro Passos Coelho de ter sido como alguém que está “num buraco” e que “para sair do buraco, escava mais, afundando-se ainda mais”. Mas não disse que, em 2010, foi ele mesmo a propor os primeiros pacotes de austeridade (PEC), que pretendiam conter a despesa com recurso, por exemplo, à redução dos salários da função pública. E também não disse que, à época, justificou a sua decisão alegando que “estas medidas só são tomadas quando um político entende em consciência que não há nenhuma outra alternativa”.

O engenheiro defendeu também que “a ideia da rede de alta velocidade parar em Badajoz, por uma decisão política que nos condena ao atraso é das ideias mais reacionárias” que tem ouvido nos últimos tempos. E atira culpas ao governo PSD/CDS. Ora, eu que sou, de uma forma geral, a favor do progresso, concordo que precisamos de uma modernização urgente dos transportes ferroviários nacionais, desde que os investimentos sejam feitos de forma transparente e sem recurso a um endividamento irracional. Mas José Sócrates não disse que foi um despacho do seu próprio governo, em 2010, a suspender o projecto do TGV, por falta de condições financeiras.

É tudo uma questão de memória.

Ser Pai Já Não é o Que Era (é Muito Mais)

Não podia deixar de plasmar neste blog, as palavras de uma mulher, uma das pessoas que ajudou a minha família a mitigar o calvário das noites mal dormidas. A Filipa Sommerfeldt Fernandes é terapeuta do sono, escreveu o prefácio d’O Meu Filho Não Dorme e descreve-me, de forma elogiosa, como um pai dos tempos modernos.

De facto, ser pai nos dias de hoje, apresenta desafios completamente diferentes daqueles que se colocavam nos tempos dos nossos pais e dos nossos avós. As linhas que se seguem reflectem apenas um dos aspectos em que mais se nota essa mudança.

Cá vai:

A maioria dos pais não acorda de noite quando os filhos chamam; continuam a dormir. A mãe pode levantar-se cinco vezes e estar de rastos de manhã que não é raro ouvir um: Esta noite até foi boa, não foi?

A maioria dos pais precisa de levar uns bons pontapés das mulheres (por vezes dados com mais garra e determinação do que o esperado) para conseguir levantar-se às 3h00 da manhã e ir preparar um biberão ou acalmar um bebé que chora. E fazem-no quase sempre a rosnar, zangados pelo sono interrompido.

A maioria dos pais entra no quarto onde o filho dorme tranquilamente e, na sua cabeça, sente-se a versão feminina das fadas (mas sem collants ou coisas do género), pois acham que vão pairar até à cama qual pássaro de asas estendidas a ser transportado pelo vento. Mas isto é só nas suas cabeças. Na realidade, as suas passadas assemelham-se às de um rinoceronte a percorrer uma passerelle, a respiração parece um tractor e o movimento nos lençóis faz lembrar uma luta de gatos dentro de um saco de plástico.

Os miúdos acordam. As mães irritam-se com os pais em silêncio (ou não), os pais bufam e as mães vão lá…

Ao longo dos anos a lidar com mães e pais que sofrem com a privação de sono, posso dizer que encontrei de quase tudo. E embora haja cada vez mais pais presentes de noite, na realidade a maior parte dos despertares nocturnos dos nossos filhos ainda é assegurado pelas mães.

Pelo caminho, vou encontrando excepções à regra. Pais que, como o Luís, querem (aliás, fazem questão disso!) levantar-se de noite e ser eles a cuidar dos filhos. As mães agradecem – e estes pais é que são espertos, porque uma mulher agradecida é uma companheira muito, muito mais fácil!

O Luís e a Susana entraram na minha sala para uma consulta sobre o sono do Afonso e em pouco tempo percebi que aquele era um Paizão. desde muito cedo que o Afonso não dormia bem e, por isso, o Luís sempre assumiu a tarefa nocturna como o seu papel natural. No inicio dividia com a Susana, mas nos últimos tempos – antes de o conhecer – já era mais ele quem se empenhava em que o miúdo dormisse e descansasse a horas que eles consideravam ser as saudáveis recomendadas para a sua idade. Deu para perceber que não só por ser um grande pai e um grande companheiro… mas também porque é regrado (e empenhado). E os pais demasiado regrados e rotinados acabam sempre com esta frustração: a dos miúdos não responderem exactamente como eles desejam.

Este pai-marido-jornalista tinha desenvolvido um ritual fantástico para o Afonso ir dormir à noite, mas que passava por tantas etapas que o miúdo acabava certamente por se esquecer de que o objectivo era dormir e não conversar e brincar. A Susana e o Luís estavam tão empenhados em serem metódicos que nunca sairam da sua rotina – que deu azo a momentos bem caricatos e cómicos, mas também complexos, como os que vão ler neste livro.

E no momento em que relaxaram e permitiram que todos em casa respirassem (e mais umas coisinhas que aqui a terapeuta do sono lhes indicou!), o Afonso começou a dormir melhor e todos passaram a descansar.

Este livro é para todos os pais e mães. Para aqueles que não dormem uma noite completa há demasiado tempo e para os que sempre dormiram bem.

É uma história tragico-cómica, um retrato da parentalidade dos nossos tempos. São histórias reais, na voz de uma pessoa conhecida, que mais do que um jornalista, é Pai.

Não dormir é terrível. Quem passa por meses ou anos sem dormir uma noite completa sabe bem os efeitos que a privação de sono tem, não só no desenvolvimento da criança, no nosso humor e saúde, mas acima de tudo na harmonia da nossa família.. No meu trabalho não é raro encontrar pessoas que perdem a saúde, a paciência, a energia, o trabalho e… os companheiros. Pelo caminho vamos fazendo de tudo para que os miúdos durmam. E, por vezes, quando paramos e olhamos para nós, é inevitavel não sorrir (ou rir à gargalhada) com aquilo que fomos tentando.

Um livro imperdível, que garante muitos momentos divertidos e com o qual muitos pais ( e mães) se vão certamente identificar.

O Luís é o retrato do pai dos tempos modernos.

Filipa Sommerfeldt Fernandes

Terapeuta do Sono

Amor de Pai, Amor de Mãe

Todos os dias acordo a pensar no meu filho e na minha família. Todos os dias deito-me a pensar no meu filho e na minha família. Por essa e por muitas outras ordens de razão, há reportagens que me custam horrores.

Em Abril de 2015, um homem assassinou o filho de cinco meses com uma facada no peito, em Linda-a-Velha, concelho de Oeiras. Os jornais da época publicaram uma selfie do homicida, com o menino ao colo. A imagem tinha sido captada dias antes do crime e deixou-me petrificado. Era muito parecida com as selfies que, por aqueles dias, eu próprio tirava com o Afonso, diariamente, antes de sair de casa, para depois mandar à minha mulher que já se encontrava no trabalho. Não sei quantas vezes engoli em seco durante aquele directo. Vinha-me à memória o fotograma do bebé ao colo do pai e não conseguia evitar o vislumbre de horror, ao imaginar os últimos instantes de vida do menino.

Um colega da TVI, que foi pai pouco depois de mim, escusou-se a fazer essa reportagem. Pediu para trocar com uma colega que não tem filhos. Depois de me ver no ar, telefonou-me e só disse – Tu és maluco… não consegui ir para aí”. Eu fui, mas para dizer a verdade, só queria sair dali o mais rápido possível.

A 10 de Abril de 2018, uma mulher assassinou a filha recém-nascido, com vários golpes de faca. Deu à luz, em casa, com a ajuda da irmã gémea. Escondeu a gravidez e combinou o parto secreto com a pessoa em quem mais confiava. Não teve a ajuda de anestésicos nem quando a criança saiu do seu ventre, nem quando foi suturada nos genitais. As manas só telefonaram para o Número Nacional de Emergência Médica, porque não conseguiram estancar a hemorragia da parturiente. Quando os bombeiros e a polícia chegaram, a bebé estava dentro de um saco do lixo.

Este é mais um daqueles directos em que, durante quatro ou cinco minutos, tenho de me esquecer que sou pai, para conseguir ser jornalista e não perder a clarividência.